domingo, 20 de abril de 2008

O que Nos Une

Talvez tudo tenha começado
Com versos
Lidos e ouvidos por nós.
O encantamento da poesia,
A leitura dos sentimentos,
Tão puros
Ingênuos.
Passamos então a ser prosa.
Uma prosa
De amor,
De suspense,
De ação,
Uma prosa desenhada,
Com tamanha perfeição, que admito,
Foi o acaso ... ao acaso.
E a sua presença em mim
Tornou-se
Um pedaço da canção,
Uma lágrima que sofri,
Uma quase paixão,
Um pequeno verdadeiro amor,
Uma grande saudade,
Um enorme sofrer,
Uma profunda amizade,
Uma doçura tão amarga quanto a droga,
Que me vicia,
Me consome,
Me enche de prazer.
Minha grande narração,
Sem narrador,
Repleta de estória.
E o que nos une é
Não entender,
Não definir,
Não querer.
E por tudo isso querer
Sempre
De qualquer forma,
A qualquer momento
A sua presença em minha vida,
Essa que é uma colcha
Formada de retalhos,
Fragmentos,
Lembranças,
Pequenos pedaços que me deste
E que perdi pra você,
Pedaços trocados,
Truncados,
Amassados,
Guardados
Em um lugar que ainda existe entre nós.
Aquele que está
Na letra da canção,
No rodapé da página rasgada,
Na palavra não dita,
Na lembrança vivida,
No sonho guardado,
Esse que mesmo sem sabermos
Nos é em comum,
É a mesma paixão.
Talvez isso seja parte do que nos une.
Tudo é parte
Você parte
Eu parto
Partidos seguimos, ambos na mesma direção.
Esperando de nós partes de uma recordação.

(Maria Otávia Sanchez da Cunha)

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