segunda-feira, 21 de abril de 2008

Mergulho

Meus olhos nos olhos
Meus.
Minha voz nos ouvidos
Meus.
Minha face cara a cara
Comigo.
E não há um refúgio
De mim
Um esconderijo,
Um canto sombrio,
Em que eu não me encontre.
No encontro diário
E inevitável
Eu rio e choro,
De mim,
Da vida que vejo refletida
Em mim.
A comédia mais triste que vi,
O romance mais banal que li,
O drama mais clichê que vivi
Foi olhar-me no espelho.
O oceano mais frio e belo
Que naveguei
Foi o meu ser.
A minha mente
Mente diariamente
E quando canso de negar
Quero dizer verdades,
Então sou rouca.
Uma lágrima que sufoco
Gira dentro de mim e
Vira tempestade,
Meu tormento.
Então sigo por esses mares
Repletos de lembranças
Reconhecendo-me nelas
E mesmo sem a razão
Encontro razão para viver.

(Maria Otávia Sanchez da Cunha)

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