sábado, 18 de abril de 2009

A missão de uma guerreira

Quando se transforma a vida em amor, transforma-se também a alma em terra fértil a espera do seu senhor para semeá-la e fazer a colheita. Assim ocorreu com aquela jovem guerreia cujo coração pulsava humildemente e suas únicas armas eram a esperança e amor guardados dentro dele. Imortal guerreira, porque seus sentimentos transcendiam a vida.

Ela cuidava de seu coração como se fosse seu único bem, a única posse de uma vida passageira. Seu peito era tão repleto de amor que sua alma explodia de alegria por ser livre para amar. Ergueu uma fortaleza no peito e partiu para aprender a amar quem desamasse, acolhendo-os dentro dela. E dessa maneira ela seguiu seu caminho combatendo bravamente toda ausência de amor. Vitória? Nem sempre.

Descoberta essa força, era preciso avançar com sua fortaleza sobre o mundo e lutar contra sua ausência de amor. Quando se deparava com outros guerreiros repletos de frieza, doía-lhe o peito ao ver a dor do outro. Ela esperava seus ataques com sofrimento e depois procurava amá-los e estancar-lhes o sangue oculto, que escorria por não saberem amar. Só as sábias guerreiras sabem ver a ferida oculta.

Mas naquele dia, o inimigo lutava com uma armadura indestrutível. Ou a guerreira estava demasiadamente fraca? Viu o inimigo corta-lhe o peito, desarmado, com sua fria lâmina. A cada golpe sentia que aquele guerreiro era o que mais precisava ter a ferida estancada. Quando estava prestes a desistir de lutar ela ficou nua, despiu-se de toda sua mágoa, dos restos de orgulho e entregou ao inimigo seu único bem, o coração. Sua alma cansada transformou por esse gesto seu inimigo em amante. A grande muralha intransponível que os separava desfez-se e a armadura do guerreiro caiu feito papel.

Cansada e sem mais o que fazer, a guerreira disse suas primeiras palavras de amor:
- Aqui estão meu coração e minha alma. Entrego-os em suas mãos para que seja meu senhor e semeie nessa terra fértil tudo que lhe trouxer felicidade. O Amor pode transformar sua vida, mesmo sem poupá-lo de todo sofrimento, irá convertê-lo em seu servo e o livrará pra sempre de uma existência vazia.


Maria Otávia Sanchez da Cunha.

Um comentário:

Henrique disse...

Simplesmente lindo e sensível...
Gostei muito!!!
Precisa reunir as suas poesias, contos e estórias e publicá-las!!!
Beijos