Flagrei-me no espelho.
Olhos nos olhos
E as vagas lembranças fazendo folia,
Misturando-se com sonhos de criança.
Flagrei-me no espelho.
Olhos nos olhos
E um grande desespero,
Misturando-se ao medo que me consumia.
Flagrei-me no espelho.
Olhos nos olhos,
Dizendo verdades que eu não queria,
Juntando-se ao que eu desconhecia.
Quebrou-se o espelho
Que havia aqui dentro
E que não me pertencia.
Flagrei-me andando.
Vagando nas ruas
dos sonhos,
Chutando o asfalto
de ilusão,
Inspirando o ar,
que sempre me faltara.
E tudo que me consumia, consumiu-se.
Misturei-me à brisa
E leve e límpida desapareci de mim.
Perdi-me em pensamentos
Tão reais
Que até a realidade desconfiaria.
A imagem que vi durante a vida,
Não era real.
Vivi o aparente...inexistente.
Quebrei o espelho que me prendia
Ao que poderia ser e não foi...fui
Ao que planejava ser e não fui...foi
Entreguei-me a imagem que agora não vejo
E docemente desconheço.
Entreguei-me a imagem
E reconheço-me
Em sua realidade surpreendente.
(Maria Otávia Sanchez da Cunha)
sexta-feira, 12 de setembro de 2008
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2 comentários:
Oi, Maria Otávia!!!
Sabe o que mais me impressiona em seus textos? A intensidade emocional que você coloca em cada linha.
A gente sente quase a sua respiração, com as suas emoções transpirando através das palavras...
Parabéns!!!
E, quando sai o seu livro com as suas antologias?
Beijos
Como se não bastasse encantar as pessoas, fiquei muito feliz em descobrir como consegue cativar também as palavras. Acostumadas ao banal, parecem rendidas a encontrar nos teus dedos a necessidade de dizer o quanto ainda existe o coração acelerado, o suor na palma da mão, a gagueira Que bom! Achei que o mundo tinha congelado na frieza de quem esqueceu o sabor do abraço apertado, do beijo na nuca, do cafuné sem pressa...
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